segunda-feira, 6 de abril de 2015

As pessoas vem em formas, tamanhos e manias diferentes.
A minha mania mais pronunciada é a de me distrair, principalmente frente à situações que não quero enfrentar.
Eu me escondo entre minhas músicas e meus livros favoritos, com fones no volume alto o suficiente pra não ouvir meus pensamentos.
Eu fujo de mim, de todos os jeitos possíveis até conseguir me encarar outra vez.
Eu me encho de comida, deixo a tv em canais esquisitos e fico jogando até o tempo passar o suficiente pra me encarar outra vez.
Mas quem me encontrar por aí, ah não vai saber que eu tô fugindo de mim, que eu tô triste e que eu apenas não ligo ou que tá tudo maravilhosamente bem.
Mas não tá, e quando todo mundo desce e só sobra eu no metrô, eu volto pra batida calmante escolhida da vez e finjo conseguir me distrair com os livros enquanto tento ignorar que  não há com quem falar e que ninguém se importa.
E quem se importaria, não é mesmo?
E se alguém sabe que eu tô assim, não, ninguém.
Eu finjo que tá tudo bem e faço favores à outras pessoas. Eu converso, finjo prestar atenção ou achar a piada engraçada, quando tudo não passa de uma casca apenas pra ninguém saber que eu não quero conviver com ninguém.
Eu visto a minha cara de pau, meus anos de teatro amador e a eterna vontade de não ser fraca. Deixo pra chorar no quarto, em silêncio pra minha mãe dormir.
E amanhã começa tudo outra vez, até eu finalmente me convencer de que tá tudo ok outra vez e outra vez o universo sacudir tudo só pra me lembrar que não, não tá e que eu nasci pra ser atriz e fingir que não ligo pro fato de querer fugir, dos outros e de mim.