terça-feira, 13 de agosto de 2019

Para o meu garoto preferido

Garoto preferido, esse é um título que diz muita coisa. Desde pequena eu sempre fui muito emocionalmente ligada aos garotos, tenho vários garotos importantes na minha vida a começar pela minha família. Meu pai, avô e tios sempre me deram o exemplo de como um garoto deveria ser, como ele podia me tratar e mais que isso, como ele podia se relacionar com o mundo.
Lá em casa a "macheza" nunca teve muito espaço, os garotos se abraçavam, se cumprimentavam com beijos, lavavam a louça, a roupa, o banheiro, carregavam as bolsas de suas garotas e faziam coisas que alguns homens consideram femininas demais.
Fui criada montando um frankenstein de vários garotos importantes pra chegar naquilo que eu achava ideal. Tinha a gentileza do meu avô, a assertividade de um tio, a sagacidade do outro e malemolência conquistadora do meu pai. Na minha cabeça esse garoto impossível, bem humorado e sempre disposto a se aventurar só existia lá mesmo, na minha cabeça.
Em todos os garotos por quem me apaixonei eu via características dos meus modelos masculinos, mas nenhum nunca tinha todas e eu me conformava que a vida era assim mesmo.
Quando você ressurgiu das cinzas da amizade, igual a fênix que você costuma ser na vida das pessoas, eu agradeci, profundamente. Você trouxe a leveza, a brisa, o papo de maluco que eu precisava, afinal de contas quando se conversa por muitas horas seguidas e em algum momento assunto vira que poder de vilão você prefere dá pra saber que é uma conversa daquelas que vale a pena por cada minutinho.
Nos últimos dois anos você foi o carinho, o acalento e a brisa leve que soprou me fazendo ver espaços pros raios de sol nas nuvens de tempestade que eu insisto em formar na minha vida. Você viu de perto o monstro da bagunça, da angústia, do desespero e do desamparo e quando eu desacreditei em mim ao invés de sair correndo você disse que era pra eu confiar em você, e eu confiei.
Confiei ainda que com receio de me abrir e de deixar alguém me ver assim tão exposta, despida não só das minhas roupas, mas de todas as máscaras e maquiagens que eu uso pra camuflar a imensidão do que eu sinto. Mesmo eu sendo tempestade, furacão você resolveu voar acima das nuvens, se posicionar no meio do caos e me oferecer a mão, antes de me oferecer beijos.
Suas tiradas sagazes me faziam rir, ainda que de nervoso, mesmo quando eu queria chorar. Seus comentários cirúrgicos desmontavam qualquer argumento que eu tinha em mente e eu te permitia ganhar, porque eu sabia que você tinha razão.
Sua empatia sem tamanho, a gentileza fria de quem diz que não confia e não elogia, mas é capaz de emocionar por perceber o que ninguém percebe. O seu abraçar tímido e sincero, sempre forte e sempre quentinho, pronto pra acolher ainda que com vergonha e com medo de me fazer sentir acolhida.
A sua expressão enigmática de quem esconde um segredo maroto, a atitude ao demonstrar que havia sim uma malemolência escondida embaixo do chapéu, pronto pra ganhar meu coração sem fazer muito esforço.
Enquanto eu lutava tentando não me apaixonar percebi que era você, meu garoto preferido, com toques dos maiores donos do meu coração, montado a dedo, escolhido pra mim de forma a preencher todos os requisitos possíveis.
A cada nova conversa eu comprovo que é você, porque se não for, o universo tá de sacanagem com a minha cara.
Eu me vejo cruzando a vida com você, explorando o mundo, me permitindo, me descobrindo, descobrindo você e vendo quão incrível uma vida pode ser quando a gente tem a companhia certa ao lado.
Quando digo que te amo, tento exprimir todo esse sentimento que transborda dentro de mim, que é avassalador e calmaria ao mesmo tempo. Que parece que vai me consumir que nem fogo e que vai fluir tranquilamente por mim que nem rio. Que é tão certo que me faz pensar que não existiu nada antes, sempre foi você aqui.
Nasci pra ter você como companhia, pra andar lado a lado construindo juntos aquilo que a gente acredita.
Já diria o poeta, o seu dia mais feliz vai ser o mesmo que o meu e que assim seja. Mal posso esperar pra te ver de cartola no altar, pronto pra começar a aventura de dividir o resto da sua vida comigo.
Ser eu é muito bom, mas ser nós tem um gostinho especial de amor puro e forte e eu me sinto sortuda e agraciada. Todos os caminhos nos trouxeram aqui pra que fôssemos Nós, com N maiúsculo pra enfatizar.
Eu sei que eu te devo uma carta, mas eu não podia esperar.
Você é o frankenstein dos sonhos.
Obrigada por ser meu garoto preferido.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Natália adora olhar a Lua. Distante, brilhante, gigante, girando sempre sabendo que sozinha até brilha, mas só brilha de verdade sob a luz do seu amigo Sol.
Natália adora raios e tempestades, admira a força das águas, dos ventos, da energia pura que desce dos céus limpando, levando tudo que há pela frente, lavando, varrendo e queimando ao mesmo tempo.
Natália gosta de tudo aquilo que parece grandioso, exagerado, poderoso, inexplicável. De tudo aquilo que a faz sorrir sem perceber e esperando que mais ninguém perceba a bobagem que é sorrir só porque a Terra deu outro giro e o Sol se pôs.
No fim das contas, Natália gosta mesmo da surpresa contrastante que é esperar que algo aconteça, ainda que com frequência, mas a cada dia de um jeito novo. Natália aprendeu a admirar todas as coisas sobre as quais não tem controle, nem entendimento, só a sensação de coração preenchido ao sentir os últimos raios, a primeira luz ou os primeiros respingos.
Natália gosta de enxergar a si própria como uma força dessas, que chega simples como um temporal diria a poeta e leva consigo o que encontra pela frente. E convive com verdadeiras forças da natureza, quando canta, dança ou conversa complexidades da vida madrugada a dentro, mesmo que elas não se reconheçam assim.
Natália tem sorte de se enxergar e enxergar o mundo como uma criança que ainda não quis crescer e que gargalha sozinha ao ser atingida pela chuva de verão. Mais sorte ainda tem de estar cercada por muitos sóis, que emprestam cor e luz pra todos os seus dias.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Super eu?

Detesto o super-homem.
Sempre detestei, aquela pose de pessoa perfeita, os cabelos que não despenteiam, os surtos que o transformam em ditador, o patriotismo doido. Nunca, nunca consegui ter um pingo de empatia por ele.
Legal era o Batman, o ar de mistério, o jeito taciturno de quem resolve tudo. Ou o Flash e sua alegria diretamente proporcional à sua inteligência. Até mesmo o Aquaman, naquela versão tosca que surfa em golfinhos me deixava mais feliz, ou o supergemeo que só sabe ser derivados de água, mas o superman nunca me desceu.
Achava impossível alguém manter aquela pose o tempo todo, ser tão compenetrado. Caramba, como que o infeliz tem a força de destruir o mundo todo e não faz nada? E quando faz é porque virou doido varrido e aí sai matando até o que não deve?
Não, não dava pra gostar do superman, ele não faria parte da minha incrível coleção de camisetas, não seria eu a usar o símbolo da esperança no peito, ou seria?
Sempre expressei minhas opiniões nada positivas sobre o "homem de aço" (olha que breguice) e quando pensava: " e se eu fizesse parte da Liga da Justiça, quem eu seria?" Eu nunca conseguia me incluir no grupo, não achava que eu podia ser parte de nada do gênero (não só porque eles não existem e eu não tenho super poderes), mas porque não me identificava com nenhum deles, não me via como protagonista de nada disso.
Pode parecer bobagem, mas eu raramente me identifico com o protagonista do que quer que seja, no  máximo tô ali no papel de amiga esquisita, quando me identifico como a melhor amiga da personagem já é uma vitória. Eu sou corpo de baile, não sou solista. Tô ali, presente e apoiando, mas na luz indireta nunca sob os holofotes. Se a ideia já me soa maluquice no faz-de-conta, na vida real então é beirando ao impossível.
Ontem o faz-de-conta deu três tapas e duas voadoras na minha cara. Ontem eu entrei num processo reflexivo tão intenso quanto as seções de terapia, ontem um amigo querido me disse que eu era o superbobo.
Eu esperneei, eu entrei em negação, eu usei todos os "mas" que eu tinha, um depois do outro eles caíram por terra. Coisinha após coisinha me provaram por a + b que se eu fosse alguém com poderes, eu seria o super.
As coisas esquisitas às vezes guardam verdades profundas, me fizeram olhar pelo espelho que eu evitei uma vida toda. Eu que nunca tive muita empatia por mim mesma, que convivo com a angústia de achar não ter feito o suficiente, que se não me segurar machuco as pessoas profundamente, que sinto amor pela vida, o universo e tudo mais, desejo o bem até a quem já me fez mal, eu tinha muito mais em comum com o boboca azul do que tinha me dado conta.
Parte da doideira de se achar fraca é nunca, nunca se identificar com ninguém forte. Com um dos heróis mais poderosos que o homem já inventou? Por favor, conta outra.
Parte da magia de ter as pessoas por perto é elas te enxergarem por um viés que você não tem.
Talvez eu ainda tenha que trabalhar na parte de manter o cabelo no lugar e aquele uniforme é irritante. Da pose de pessoa perfeita quero continuar passando longe e Deus me livre saber que a minha kriptonita são hipopótamos nadando. Mas não posso negar a fé que eu tenho na humanidade, a esperança que eu deposito nas pessoas e nem a presença de espírito pra não arrastar a cara delas no asfalto.
Na próxima seção, minha terapeuta vai ter muito o que anotar.

domingo, 27 de maio de 2018

Um ano atrás eu achei que não ia sobreviver nem ao próximo dia, que dirá ao próximo ano todo.
Doía, fisicamente, eu sentia falta de ar, aperto no peito e aquela sensação de que fiz sim tudo errado, sou sim culpada de tudo e as pessoas vão embora porque não conseguem me aguentar.
Um ano atrás eu vi todos os meus planos de curto a longo prazo caírem por terra como um castelo de cartas mal montado. Eu vi todas as ideias mirabolantes, todas as parcerias, todos os sonhos sonhados juntos indo pelo ralo de uma forma tão conclusiva que me pareceu nunca mais ser possível sentir de novo, planejar de novo, acordar outra vez sem sentir o peso esmagando meu peito e me impedindo de respirar.
Eu, conclusiva e desesperada, cheguei a conclusão de que era isso, que eu havia tido uma versão de testes do que poderia ser uma vida feliz e depois que me apeguei a ela, o tempo acabou e eu não tinha opção de comprar o pacote premium.
Achei que era pra sempre aquela infelicidade, como tinha achado que era pra sempre aquela felicidade. E foi, pra sempre no período de tempo que ela tinha que durar, infinita enquanto durou já diria o poeta, mas como chama não era imortal.
Foi intenso, gratificante, angustiante. Me fez querer arrancar os cabelos, morrer de alegria ou chorar de desespero. Me fez descobrir coisas que eu achava que eram invencionices de livros românticos, viver cenas clichês de comédias disfuncionais e achar que tinha descoberto o que era amor.
Às vezes me injuriava, às vezes eu até pensava que o amor tinha acabado e que talvez fosse melhor se separar, mas via tudo que tinha sido vivido e construído e chegava a conclusão de que era assim mesmo. De que era apenas eu, mais apaixonada pelo processo do que pelo produto, sentindo falta da emoção do período de incerteza, talvez fosse, talvez não. Talvez já fosse eu sabendo que aquilo teria que chegar ao fim, para o bem das nossas sanidades mentais, porque foi bom enquanto durou mas não estava mais sendo bom.
E o cérebro te engana, te produz lembranças apenas incríveis e faz parecer que nunca houve nada de ruim a ser pontuado, levado em consideração ou sequer importante, como se fossem anos perfeitos de lembranças âmbar felizes e você podia se lembrar de cada toque, cada cheiro e a saudade fazia doer mais apertado por saber que aquilo não estava mais no seu alcance.
Com o tempo fui re-experimentando a liberdade de não ter que agradar ninguém além de mim, de fazer e dizer o que eu bem entendesse sem me preocupar se aquilo geraria o maior conflito do século. E depois de achar durante muito tempo que ia morrer no processo, renasci, pra me reencontrar e perceber que talvez tenha me perdido demais tentando te encontrar e ser pra você aquilo que eu queria que você fosse pra mim.
Fomos muito bons juntos, seguimos e afirmo sem dúvidas de que talvez somos ainda melhores agora, separados e depois de aprender tanto um com o outro.
Todo sofrimento gera crescimento, mas toda alegria também e essa experiência toda me gerou aquilo que eu busquei a vida toda, amor.
Se não era o amor que ia ficar de mãos dadas comigo no asilo, bem paciência, mas foi o amor que me guiou pela faculdade, me tirou da beira do trilho do trem e me fez perceber que eu tinha potencial pra ser AMADA.
Foi o amor que me fez entender que tá tudo bem acabar, que existe vida pós tristeza, o amor que me provou que sempre há um lugar pra amar, mesmo que aquilo não seja mais esse tipo de amor.
Foi transformador, vai comigo até o fim, mesmo depois que eu encontrar um novo amor. Porque foi o amor que me lembrou de agradecer os que eu tenho comigo, me provou que nunca estou sozinha e me fez ter fé que se eu pude viver um amor desses, quem sabe o que me espera nos próximos amores.
Fica a gratidão pela coragem de ir e me deixar ir, de saber que é melhor assim e de ter vivido o amor dos meus sonhos até sonhos novos terem surgido.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Once upon a time

Uma vez um amigo deixou coisas comigo e eu escrevi isso, se foi aos 18, esse ano o texto completa 6 anos. Deixo aqui, para nunca perder o que eu disse uma vez sobre canetas bics e cachinhos e fazer 18...
Tô quase roubando sua caneta. Bics pretas são irresistíveis. É eu não sei acentuar as palavras mas enfim, bics são poéticas. Só as pretas, elas deslizam suaves sobre a folha e sua tinta é negra como as asas de um corvo e não cinza como céu de tempestade.
Essa divagação toda é graças a dificuldade que eu tive em encontrar uma caneta pra colocar na bolsa junto com meus caça palavras ou seriam cruzadinhas? Acho que são cruzadinhas. Comprei alguns na bienal. É um vício e ainda é útil, deixa mente ágil e traz lições interessantes. São eles que vão me entreter amanhã enquanto eu espero para tirar a foto da habilitação.
Tô tão ansiosa, essa é a segunda coisa que eu vou fazr com 18 anos que só se pode fazer com 18 anos. A primeira foi naquele rolê lá. Tô meio abalada, me sentindo mais velha e ansiosa pra sentir o controle sobre a máquina e o vento nos cabelos, a música explodindo no rádio e eu realizando um sonho de infância.
Engraçado como tanta coisa muda e tanta coisa permanece. Meus sonhos de infância alguns se realizaram, outros viraram poeira no vento, alguns, quem sabe, ainda estão por vir. É estranho sonhar uma coisa e ver acontecer.
Mas mais estranho é ver como os desejos, anseios e até mesmo a aparência mudam com o passar dos anos. Isso me lembra o motivo real desse texto.
Não é a caneta, a CNH ou os sonhos despedaçados mas sim a coisa mais imutável que eu tenho e que eu queria deixar pra você. Minha essência

desenho de duas de você com setinhas para a frase "MEUS CACHINHOS!!!"

Ninguém mandou você largar seu caderno no meio da minha bagunça. Eu o devolvo assim, com palavras desconexas e caracóis nos cabelos.

Ass.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

retrato de uma garota em pedaços

Sempre fui uma garota saudável, auto-estima questionável, mas com amigos e família sempre leais ao meu lado.
Conforme fui crescendo essa realidade feliz foi se transformando e se tornando assustadora, pais que se separam, mortes de entes queridos, mudanças, e tudo mais o que pode afetar o psicológico de uma adolescente confusa de natureza.
As explosões de raiva começaram nessa época, logo eu, a princesa da fofidão de repente me tornei um bomba, pronta pra estourar. Gritos, palavrões, vontade de quebrar coisas, veio o combo da nervosia raivosa.
Entrei na faculdade, um pouco mais controlada, principalmente controlada por um relacionamento pra lá de abusivo, onde eu sentia culpa. Mais culpas foram sendo acarretadas, eu já me sentia culpada por meus pais separados, me senti culpada por ter uma relação conturbada com a minha mãe e junto a isso foram se juntando as culpas trazidas nesse relacionamento instável e terrível. Culpada por ser inteligente, culpada por passar numa faculdade pública, culpada por ter amigos, culpada por ter tirado carta de motorista, culpada por tanta coisa que eu já não conseguia mais distinguir.
Fui definhando, me tornando alguém diferente de mim mesma, já não dançava, não cantava e nem tentava tocar violão, não era agradável pra esse namorado. Meus amigos estranhavam, se preocupavam, minha família condenava o relacionamento e eu achava que iria morrer sozinha caso terminasse (e ele sempre reforçava isso). 
Me forcei a me enquadrar nesse espaço onde eu não cabia, eu era a mexerica na cabeça de alho, parecia que eu podia ficar ali, mas não podia. Forcei-me a passar por situações adversas, carrego alguns traumas dessas situações gravados bem fundo, pra nunca esquecer, o que só me dá munição na hora de me julgar, porque a auto-crítica que há em mim adora arranjar pensamentos ruins com propriedade de causa, para que eu me deteste ainda mais.
Não me recordo se foi sempre assim, se sempre não gostei de mim, mas sei que nunca enxerguei em mim as qualidades que as outras pessoas costumam enxergar. Sempre me senti menos especial do que me diziam, menos bonita, menos legal e com certeza muito menos interessante do que pudesse parecer.
Consegui me livrar do relacionamento, mas não das marcas, essas parecem ser absurdamente eternas. Elas me travam, me transformam e me fazem temer não só ao presidente golpista, mas a encontrar com esse ex na esquina da vida e desmontar.
Quando comecei a conviver na faculdade com outras pessoas acabei encontrando gente mais parecida com aquilo que eu já tinha sido, com gostos e opiniões semelhantes, foi assim que conheci meu namorado e comecei a tentar ser de novo uma pessoa normal.
Falhei. Estou falhando miseravelmente, as crises de choro que antes eram impensáveis, se unem aos ataques de raiva e fazem com que eu me torne realmente uma bomba pronta pra estourar a qualquer segundo. Eu sou como uma grande mina terrestre e viver comigo é como jogar aquele antigo campo minado, uma hora a carinha feliz explode e morre. E você explode e morre junto. De dor e de vontade de desaparecer, de ser invisível, de parar de fazer os outros sofrerem.
Porque é como se eu fosse uma imensa máquina de sofrimento, quando eu vejo já magoei todo mundo. Pobre menina rica, cercada de amor e de gente disposta a ajudar, presa dentro dessa dor desistindo de tentar.
A angústia, essa já é minha conhecida e companheira, não me deixa dormir e nem realizar nada sem ter a sensação de que vou sucumbir antes do fim. Porque ao que parece, não há o que fazer, não deveria me sentir assim, não tenho motivos pra isso. Sou uma garota saudável e que tinha tudo pra ser feliz.
Essa é a parte que mais incomoda, não foi isso que eu planejei pra mim, nunca quis dar trabalho, muito menos incomodar. Aqui estou sendo o fardo, a preocupação e a insistência em existir. Porque insisto, todos os dias, mesmo que isso seja doloroso pra mim.
Eu me sinto sem sentido. A angústia, o medo, a insegurança e a inevitável falha fazem de mim a pessoa covarde que me tornei. Dormir se tornou difícil e  a minha convivência comigo se tornou quase impossível.
Aqui estou, travada, sem conseguir concluir pedaços da minha vida e atrapalhando todo mundo.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Sobre mim.
Eu sou a pessoa impulsiva mais racional que já habitou a terra. Questões simples onde as pessoas simplesmente se deixam levar se tornam verdadeiros icebergs. Pode ser algo bobo, desde o sabor do sorvete, até não ter escolhido o namorado como padrinho de formatura (depois se o namoro acaba, faço o que com as fotos?)
São coisas simples, nas quais ninguém em sã consciência pararia pra pensar, mas eu paro.
São coisas pequenas que me tiram o sono (Será que vão gostar de mim? Será que eu fui simpática? Será que eu falei demais? Será que entenderam que eu tava brincando? Será que eu devo tomar sorvete de chocolate? Será que ainda dá tempo? Será que eu to fazendo tudo errado? Será?)
Conviver com essa racionalidade desmedida, onde aquário passou longe, é uma das mais doloridas partes de ser eu. É doloroso porque para cada uma decisão impulsiva eu passo por quatro ou cinco estágios de perguntas questionando se era o certo a se fazer e para cada um impulso reprimido eu passo por outros estágios de perguntas questionando se eu não devia ter feito.
Não há como fugir da sensação de arrependimento, uma vez que todas as decisões são erradas e certas na mesma medida.
A sensação é a de enlouquecer vagarosamente dentro de uma mente que nasceu ao mesmo tempo impulsiva e racional e não encontra o contraponto em que as decisões são sábias e fazem com que você deite a cabeça tranquilamente no travesseiro.
É a mesma sensação, desde os 5 anos de idade. Se eu cresci, ela cresceu comigo, ganhou força e forma e me encontra toda noite antes de dormir, assim como sempre foi.
Assim como sempre fui.
Com gelo e fogo lutando para me dominar e me deixando perdida em meio a água quente e fumaça.