quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Outra Fuga

Eu canto sobre o que eu não sei e não entendo. Eu canto sobre o que eu nunca senti, e cantando entendo e sinto. Eu canto quando tô triste, quando eu tô feliz, quando eu preciso falar, quando eu quero fugir. Eu canto pra esquecer o mundo, pra lembrar de coisas, pra conhecer novas línguas e novos lugares. Eu canto pra me fechar no meu mundo, eu canto pra dizer o que penso. Eu canto quando eu tô no chuveiro, no terminal de ônibus, no metrô, na aula chata. Eu canto quando eu quero espantar, quando eu quero atrair, quando eu quero abraçar, quando eu quero pedir desculpas, quando eu quero fazer amigos. Eu canto quando eu quero me entender, quando eu quero confundir. Eu canto de modo desafinado, sem jeito. Eu canto com o coração e o ar do diafragma. Eu canto músicas de amor, de dor, de saudade e músicas que não fazem sentido. Eu canto enquanto danço, enquanto leio, enquanto escrevo, enquanto ouço. Eu canto pra mim mesma, eu canto pra todo mundo. Eu canto nas discussões, eu recito músicas nas conversas. Eu canto sem saber cantar. Eu canto pro dia azul ou pro dia cinza. Eu canto pra fazer pessoas sorrirem e pessoas chorarem. Hoje sou feliz e canto, por isso é que eu canto não posso parar, cantar a beleza de um eterno aprendiz. Não nasci pra cantar, mas canto, mesmo sem voz, sem afinação, sem dom. Eu canto porque me faz bem e quando não consigo fugir de outra forma, eu apenas canto.

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